Convivemos, quase diariamente, durante uma semana, de 4 a 10 de Novembro passado, nas festividades da 27ª Semana Cultural Açoriana cujo programa tanto cultural como recreativo foi, dizemos vasto e de excelente qualidade, certame este que se realizou no salão nobre desta reputada agremiação da nossa comunidade.
Seria extenso, e fastioso também, reproduzirmos em pormenores os eventos pelo que daremos uma ideia geral dos acontecimentos naquela nossa casa regional.
A semana cultural arrancou, como se ousa dizer, oficialmente, no domingo dia 4 de Novembro, pelas 15.00 horas sob a temática "Açorianos: com Orgulho do que é nosso" tendo a jovem artista Michel Madeira cantado os Hinos Nacionais, do Canadá e Portugal.
Permanentemente presente, neste dia, uma prova de vinhos e queijos regionais, para quem entrasse no salão, uma gentileza de Evolution Wines da firma da nossa praça "Macedo Wines" e Portuguese Cheese Company, respetivamente. Gostaríamos de frisar que os proprietários destas duas conhecidas empresas luso-canadianas estavam representadas pelos seus proprietários, na primeira por David Macedo, esposa e por duas filhas, a Daisy e a Aimee Macedo, e na última referenciada, pelo industrial de lacticínios, nesta cidade de Toronto, o Tony Melo.
EXPOSIÇÕES DE ARTESANATO E COLECTÁVEIS
Este evento foi também enriquecido com uma dezena de exposições de artesanato e coletáveis uma gentileza dos artesãos Eduardo Gouveia, Chris Freitas, Glória Fidalgo, José Alves, Luís dos Reis, Manuel Serpa, Manuel Sousa, Teresa Sousa, Gilda Rodrigues, Clarêncio de Melo, César Pedro, Bernardete Fraga, Aguinaldo Garcia, Escola Secundária Harbord Collegiate Instituto e do saudoso pintor Hildebrando Silva.
FOLCLORE E ARTISTAS DISSERAM SIM E LÁ ESTAVAM PRESENTES
Muitos foram também os artistas locais e não só que abrilhantaram este certame destacando-se Sónia Tavares; Nélia Maria; Herman Vargas; Michele Cabral; Victor Martins; The Portuguese Kids Comedy da Nova Inglaterra; grupos folclóricos "Pérola do Atlântico" da CAO e "Almas da Terceira do Sport Club Lusitânia"; Luso-Can Tuna; grupo teatral "As Nossas raízes" do Asas do Atlântico Community Centre e de cantares "Vida & Esperança" do Abrigo Centre.
EXCELENTE O TRABALHO DE MESTRE-DE-CERIMÓNIAS NESTA SEMANA
No trabalho de apresentação, ou Mestre-de-cerimónias, tivemos a presença de individualidades bem conhecidas da nossa comunicação social como a Nellie Pedro do programa televisivo "Gente da Nossa"; do ex-apresentador de programas televisivos de língua portuguesa da Omni, Bill Moniz, Fátima Bento, jornalista do semanário "Família Portuguesa"; do jornalista Avelino Teixeira do portal da "Venus Creations"; da jornalista, Humberta Araújo, no presente destacada na Omni e da prata da casa, directores da Casa dos Açores, os talentosos jovens: Matthew Correia e Melissa Simas.
COMERETES E BEBERETES NO CERTAME
Todas os dias, no finalizar do evento, era servido uma refeição composta por pratos de gastronomia açoriana como favas cozidas, fígado, chicharros, feijoada, sopas do Divino e carne, torresmos, batata doce ou com pimenta, chouriço, morcela, alcatra, marisco e com doceria variada e muita fruta.
NO PRIMEIRO DIA, DOMINGO 4, SOB O TEMA "SABORES AÇORIANOS"
Teve as intervenções do Presidente da Assembleia Geral, António Pereira; do Executivo, Lucília Simas e da Vice-Presidente da Cultura, Melissa Simas bem como a leitura das mensagens de congratulação de diversas entidades politicas, associações e amigos, recebidas para o certame. Teve também, no pódio, a presença de diversos convidados e políticos de destaque cujos nomes, de alguns, aqui deixamos registados: Dr. Júlio Vilela que desempenha as funções de Cônsul-geral de Portugal em Toronto; os deputados Jonah Shein e Andrew Cash (respetivamente da Província e Federal); a vereadora Ana Bailão; a Presidente da FPCBP/Federação Portuguesa Canadiana de Empresários Profissionais por Cristina Martins; da Aliança dos Clubes Portugueses do Ontário por Laurentino Esteve entre muitos.
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O ex-Presidente desta Casa Regional, José Ilídio Ferreira, um dos pioneiros desta série de eventos culturais que por acharmos muito interessante a sua intervenção aqui a transcrevemos em parte: - "Tive a honra de presidir à direcção desta ilustre casa entre 1997 e 2000, e testemunhei de perto o seu desenvolvimento neste período. Entre as diversas iniciativas que então levámos a efeito e que ainda hoje recordo com muito orgulho e carinho, houve algumas que marcaram de sobremaneira o meu percurso enquanto associativista ao serviço da nossa comunidade.
Foi durante o meu mandato à frente dos destinos desta casa que se deu início, em 1997, à Semana Cultural Açoriana. Hoje, este acontecimento anual celebratório das culturalidades das nossas Ilhas de Bruma é um dos eventos mais marcantes da agenda comunitária torontina, facto do qual muito me orgulho como açoriano emigrado e defensor dos valores que nos identificam enquanto povo ilhéu. Liderei também a organização das três edições subsequentes, isto é, dos anos 1997, 1998 e 1999".
Mais à frente, José Ferreira, diz-nos " Á semelhança das suas congêneres noutras partes do mundo, a acção da Casa dos Açores do Ontário bebe da riquíssima diversidade atlântica que assiste à vida nas nove ilhas do arquipélago. Representa, na verdade, a totalidade de uma região que deu ao mundo uma das mais dinâmicas e empreendedoras diásporas do universo luso.
Respeitando e conservando as diferenças identitárias de cada uma das ilhas componentes do arquipélago açoriano, a Casa dos Açores do Ontário tem, ao longo dos anos, primado por defender os interesses das gentes açorianas imigradas no Canadá e pela perpetuação dos nossos valores tradicionais e da nossa cultura, tanto na sua vertente erudita como na popular.
Qualquer agremiação que chama a si os nossos jovens luso-descendentes assegura, por inerência, o futuro das nossas tradições culturais e linguísticas no seio das nossas comunidades, instigando as gerações vindouras a procurarem as suas raízes e identidade enquanto gentes açorianas e luso-falantes no Mundo. E a Casa dos Açores do Ontário tem, ao longo de toda a sua existência, procurado mobilizar os jovens para esta nobríssima causa, integrando-os nos seus ranchos folclóricos, na sua escola de música, enfim, nas suas muitas actividades. Temos visto os jovens a assumirem gradativamente cargos de responsabilidade e liderança nesta vetusta organizaçao, o que, em meu modesto entender, é deveras louvável e um farol de esperança nos tempos conturbados em que vivemos. Deste modo, asseguraremos não somente a continuidade desta casa, mas também ajudaremos a formar os líderes comunitários de amanhã, que, pela sua acção e pela sua postura acentuadamente açoriana, hastearão com orgulho o nome de Portugal e dos Açores no melting pot canadiano."
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O sarau encerrou com actuação doutra jovem fadista e artista da nossa comunidade, a Sónia Tavares, que agradou plenamente embora os temas escolhidos não fossem especificadamente coerentes com o evento pois alguns deles eram do folclores italiano e sul-americano.
Mas agradou. Só que pedimos à Sónia, uma voz bonita e agradável, que na próxima vez, em situações desta natureza, de semanas culturais de raizes lusitanas, que traga, na pasta de reportório, "produtos" portugueses. Está bem, Sónia?
SEGUNDA-FEIRA, DIA 5 - NOITE ARTISTICA
Contou com a apresentação dum documentário "Discover the Azores, my secret paradise", um trabalho de Cesar Pedro seguido de uma peça humoristica de teatro "Aguentem-se Vocês aí na Proa", uma mensagem do povo para o povo, pelo Grupo de Teatro "As Nossas Raízes", do clube "Asas do Atlântico Community Centre" liderada pela directora, e ensaiadora, daquele centro, Conceição Baptista. Esta peça de teatro bem original e salpicada de humor.
Esta lider cultural na sua alocução, de bastante interesse, que deixamos aqui inserida para os nossos leitores apreciarem: - "Falar da Casa dos Açores do Ontário – apesar de ser algo que muito me honra e orgulha - não é fácil, por serem tantas e importantes actividades que este baluarte, representante do nosso povo, integra. O tema desta linda Semana Cultural, toca profundamente a nossa alma - de açorianos “com orgulho do que é nosso”.
É que falar da nossa Herança Cultural, que por direito nos pertence, e particularmente, quando estamos longe da nossa Terra, desperta em nós uma saudade infinda, um sentimento constante, e aqui cito uma mensagem, bem transmitida, através do nosso cancioneiro popular, que assim diz: “ Quem parte leva saudades - quem fica saudades tem...”
Por tudo isso, sentimos que é um dever de cada filho açoriano louvar o que é nosso, louvar esta prestigiosa Casa e todo o trabalho voluntário que por aqui se vai fazendo, reforçando alicerces, construindo pontes, numa importante tarefa de orientação e integração da juventude nas suas fileiras. Que está representada, e muito bem, nos seus Corpos Directivos.
Também, através do lindo Grupo Folclórico “Pérolas do Atlântico”, que é o seu mais lindo cartão de visita! Das aulas de português, para preservação da nossa língua - hoje e no futuro. Do apoio aos mais idosos, do seu Grupo da Terceira-Idade - e também da fraternidade para com o Grupo da Terceira-Idade, do Centro Abrigo - em todas as suas atividades, teatro, canto e muito mais. Nas suas lindas Festas e diversas atividades, que servem para manter, com autenticidade, as nossas mais ricas tradições. Nas suas celebrações do 8 de Março - pela dignificação dos direitos da Mulher. Na sua grande Fé ao Divino Espírito Santo e no seu grande esforço de unir vontades, para que em conjunto com outras destacadas colectividades possa representar o nosso povo de uma forma mais eficaz e mais solidária.
Todo este magnífico trabalho é, sem dúvida, um enorme desafio, naturalmente difícil mas aliciante e que é também um compromisso, plenamente assumido, para com o nosso povo!
Alguém escrevia, não há muito, que ser açoriano é no fundo olhar o além e as miragens, vencer barreiras do tempo e dos tempos, dourar as fraquezas e fazê-las forças, rilhar os dentes, para não chorar a amargura de ver de longe a terra, apenas com os olhos da saudade.
E continuar, continuar sempre. Com a devoção ao Senhor Santo Cristo dos Milagres e ao Divino Espírito Santo, no baú de cada coração. Com a mancha azul, desse oceano imenso, que é pão e desgraça, vezes sem conta, no calcorrear dos dias da Santa Saudade, que há em cada um de nós. Com o vendaval das agruras da integração em países novos, mitigado, aqui e além, pelo facto de se ser gente, quando se fala em comunidade e em irmandades de muita devoção. A Casa dos Açores do Ontário, está assim no bom caminho!". E, Conceição Baptista, acrescenta... "A Casa dos Açores do Ontário, ao longo dos seus 27 anos de existência, tem escrito uma linda e digna história - forjada no trabalho voluntário e na coragem de se afirmar tal como é – na plena descoberta dos nossos valores, da nossa identidade e com muito orgulho do que é nosso!".
A noite encerrou com a actuação do conhecido artista local, Victor Martins.
TERÇA-FEIRA, DIA 6 - NOITE DA TERCEIRA
Abriu com o lançamento do livro "Aurora e Sol Nascente do autor Mário Costa, uma biografia dos maiores cantadores de improviso da Ilha Terceira, a Turlu e Charrua. Este autor revela pela primeira vez segredos deste saudoso casal e grandes artistas do folclore e raízes da Ilha Terceira.
Seguiu-se a actuação do Rancho Folclórico "Alma da Terceira" do Sport Club Lusitano de Toronto.
Gostaríamos, de focar nesta nossa prosa, do "disfarce", que ele nos desculpe, do nosso amigo e jornalista, Avelino Teixeira, o Mestre-de-Cerimónias desta noite, trajando à terceirense, de chapéu e de bigode, levou-nos quase 5 minutos a reconhecê-lo, graças à sua voz, enquanto descrevia o programa da noite. Se não fosse isso, creia, caro leitor, que ainda hoje não saberíamos quem era o apresentador. Muito "funny". Aqui deixamos as nossa desculpas e um grande abraço para este excelente profissional e amigo.
QUARTA-FEIRA, DIA 7 - NOITE DE LITERATURA
Procedeu-se ao lançamento do livro "Açores: Quem somos/porque somos" um exaustivo trabalho das professoras Orísia Melo e Conceição Cabral, vindas expressamente da Ilha de São Miguel. Esta interessante obra foi apresentada, com a projecção de diapositivos, aos presentes, pela professora Drª Maria João Dodman. Outro livro, "Canteiro da Memória", uma obra de João-Luís de Medeiros, foi apresentado por Fátima Toste. A advogada com actividade na Ilha de São Miguel, Judite, teve também uma pequena sessão de esclarecimento de muitas leis portuguesas que afectam os imigrantes com pouco ou nenhum conhecimento delas como no caso de heranças e outros variados assuntos seguida doutro período de respostas a perguntas vinda dos presentes.
A noite encerrou com a actuação de Nélia Maria, outra voz maravilhosa "escondida" no seio da nossa extensa comunidade. Vale a pena escutar as melodias interpretadas por esta artista comunitária bem como o já "famoso" (sim, dizemos isto porque já ultrapassa o milhão de visitantes ao seu site no "You Tube") o Eduardo Mourato, com o seu reportório humorístico e a sua canção de grande gabarito, "O Mar dos Açores".
QUINTA-FEIRA, DIS 8 - NOITE DA TERCEIRA IDADE
Abriu com a saudação do Presidente do pelouro da "Terceira Idade", Luís Reis seguindo-se uma intervenção de Humberto Carvalho sob o tema - "A Maçonaria nos Açores - no Faial e São Jorge". Um trabalho de investigação sobre as Maçonarias (que muitos a referem como "Sociedades secretas") e o seu impacto nos Açores. Esta apresentação foi apoiada pela projecção de diapositivos. Seguiu-se a actuação do grupo de cantares de "Vida & Esperança" do Abrigo Centro. Mais tarde foi a vez da Drª Judite Toste Evangelho sob o tema "A História Comparada entre quatro Casa dos Açores do Brasil" e o lançamento do livro "Os Açorianos no Rio de Janeiro, 1860-2000".
Actuou neste sarau um conhecido cantor, nativo dos Açores e radicado há mais de 40 anos entre nós, o Herman Vargas, cujos temas românticos remontam aos anos 50, 60 e 70.
SEXTA-FEIRA, DIA 9 - NOITE DA JUVENTUDE
Esta noite foi totalmente dedicada aos jovens tendo o estudante Kristopher Sousa, feito uma intervenção com a temática - "Portuguese Youth - Making Difference in Society".
Actuou também o grupo folclórico oficial da Casa dos Açores, "Pérolas do Atlântico" e a tuna académica de jovens portugueses, formada em 1998, a conhecida e popular "Lusa Can Tuna" que com os seus temas cheios de vivacidade e alegria criaram uma verdadeira atmosfera participativa de festa no salão, tendo terminado com o "Hino" desta tuna, o já famoso "My Capa".
A encerrar a noite e esta semana de cultural açoriana subiu ao palco uma peça teatral pelo Grupo de Comédia "The Portuguese Kids Comedy", vindos directamente de Fall River, Massachussets.
Numa breve retrospetiva desta Semana Cultural somos de opinião ter sido uma das mais extensas, completa e interessante que participámos desde há muitos anos tanto em matéria cultural como no sector de entretenimento e gastronomia e, claro, na presença de muito povo durante toda a semana e que lotou aquele espaço do salão nobre.
Deixamos assim, à Direcção Executiva, e a todos os outros pelouros em geral, os nossos parabéns pelo êxito alcançado na elaboração de mais um evento cultural.
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